Novelão mas com ressalvas, Páginas da Vida é a obra que comprova o ínicio do declínio de Maneco
Depois de anos sem escrever, decido voltar com mais críticas das produções que assisto. E essa será a primeira de muitas...
Encerrei recentemente a minha maratona de Páginas da Vida. É um novelão clássico e suprassumo da teledramaturgia brasileira? Comparado com as novelas atuais de 2025, é sim um clássico, mas infelizmente revela a decaída de Maneco.
A começar, os primeiros 70 capítulos são perfeitos. A trama é envolvente e tem personagens interessantes. Porém, a partir dos próximos (não ironicamente, apenas uma coincidência - quando a Grazi Massafera entra na história), começa a se arrastar. Pulei uns 60 capítulos porque ficou muito barrigudo.
O foco é a Helena (Regina Duarte). Ela está bem, mas não tem a força das outras Helenas que ela já fez. A personagem não tem o impacto que esperamos de uma 'Helena'. Ficou muito abaixo da Helena de Por Amor e Laços de Família por exemplo, até a de Mulheres Apaixonadas tinha um pouco mais de presença. O grande drama dela é com a neta Clara, abandonada pela avó Marta (Lilia Cabral) por ter Síndrome de Down. Essa parte foi emocionante, mas a trama perdeu força com o tempo.
O núcleo da família do Tide (Tarcísio Meira) também foi um destaque. Todo capítulo era um barraco delicioso do jeito que a gente gosta, com até bolo de aniversário indo parar na cara de alguém. Mas o que aconteceu? O foco ficou em 2-3 filhos dele, e os outros, coitados, viraram figurantes. E os netos dele então? Batiam cartão e vazavam sem comparecer. Nem lembro dos nomes deles. 0 desenvolvimento. Sobre o casal Gisele e Luciano, que trama arrastada! A história de bulimia de Gisele parecia não ter fim, e o romance deles foi insuportável. Já Greg (José Mayer), tratando ele como galã, foi o cúmulo. O cara cheio de amantes e ficantes por aí. Mayer já passou da fase de ser um galã de novela, por favor. Danielle Winits, como a Sandra, trouxe a energia que a novela precisava, com muito deboche e personalidade. Uma deusa que falava a verdade na cara de todos. Mas, depois que virou amante do Greg, perdeu o potencial e a personagem foi deixada de lado. A obsessão dela por Jorge (Thiago Lacerda), durou demais e sumiu do nada na reta final. Thelma (Grazi Massafera) começou interessante, mas o enredo da virgindade foi ridículo. Falar disso em 2006 de maneira tão antiquada foi um erro. Grazi começou bem ruim, mas foi melhorando ao longo da trama, mas o plot não fez sentido.
Olívia (Ana Paula Arósio) e Léo (Thiago Rodrigues) juntos aos 45 do segundo tempo me deu um ranço gigante. Olívia, que começou como uma das melhores personagens, virou uma chata que se metia onde não era chamada. Léo também não ajudou, sendo insuportável o tempo todo. Não há redenção por tudo o que fez com a Nanda. Um embuste.
O casal Isabel e Renato? Deu nos nervos. Renato era aquele cara machista que se achava no direito de tentar conquistar Isabel a todo custo, mesmo sendo casado com a Lívia (Ana Furtado). E o pior é que a novela romantizou essa relação, como se fosse algo legal. A química deles existia, mas ficou sem noção, sabe? Por mais que o Caco Ciocler estivesse gostoso em cena, o drama deles foi totalmente sem sentido.
Regiane Alves, coitada, fez a Alice, uma personagem sem importância. Depois de vilãs memoráveis em Laços de Família e Mulheres Apaixonadas, Maneco deu uma bomba pra ela. Ficou desperdiçada em uma história sem impacto. Só surtou nos últimos capítulos como queríamos.
O papel de Sônia Braga também foi perdido, sem conexão com as outras tramas. Já a Renata Sorrah, fez o possível para salvar a personagem Tereza, mas o grande drama só aconteceu quando o filho foi sequestrado, algo que durou pouquíssimos capítulos.
Maneco deixou tanta coisa pro final, que os últimos 2 minutos são cenas avulsas de casais sendo felizes e casais se formando, sem o menor desenvolvimento pra aquilo acontecer. Ficou um "final pra acabar logo".
Páginas da Vida foi uma novela que começou poderosa, mas mesmo com 80 atores no elenco, e a maioria sem destaque, acabou se arrastando. Maneco tem talento, mas já mostrava sinais de cansaço. Uma novela que poderia ter sido muito mais, mas se perdeu no meio do caminho.
Não me arrependo de assistir, mas…
Nota: 6.5
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